Enquadramento da História
Fide é uma Ilha abundante em recursos. Um grupo civilizacional formado por 10 nobres, os seus servos e mais alguns membros do povo por lá se estabeleceu há mais de 500 anos. Deram-lhe esse nome pois a primeira embarcação a chegar à Ilha foi a da Casa, isto é, da família Fide. O seu desenvolvimento é fomentado pela tecnologia que está em constante evolução, e que, aliás, já se desenvolveu bastante desde a chegada dos primeiros habitantes. A Ilha fornece aos seus habitantes condições suficientes para viverem confortavelmente tendo em conta os padrões da época. Na verdade, bem melhor do que viviam os seus antepassados vindos de uma Terra que fazia parecer a Ilha de Fide uma migalha no Oceano da Libertação.
Essa outra Terra, de onde chegaram os primeiros habitantes de Fide, tinha por nome Absentia e, segundo as histórias que se iam contando desde os primeiros antepassados que chegaram à Ilha, havia tido uma grande crise política. Acabou por ser monopolizada por Tiranos em diferentes cidades, que perseguiam e prendiam quem se mantivesse em apoio ao anterior regime. Foi assim que os primeiros habitantes de Fide se viram forçados a fugir para esta Ilha, cuja existência geográfica nem é ainda conhecida pela esmagadora maioria dos habitantes de Absentia.
Conta-se que a descendência da hoje poderosa Casa Boa Esperança foi iniciada por um certo indivíduo que, 40 anos após o desembarque dos primeiros habitantes, chegou num bote vindo também de Absentia. Apesar do grave estado de subnutrição em que chegou, conseguiu sobreviver e, ainda na Ilha, acabou por casar e deixar descendência. Foi o último homem a pisar em vida simultaneamente Absentia e Fide, pois nos seguintes mais de quatro séculos nunca mais se viu qualquer movimento migratório entre os dois territórios. Este “pai” dos Boa Esperança veio a contar que quase todos os presos de Absentia estariam a ser executados pelos Tiranos. Ele, porém, havia conseguido fugir após ter sido também condenado à pena capital.
Os primeiros habitantes de Fide fizeram grandes esforços para tornar as bases fundamentais da sua sociedade simples e claras, de maneira a não dar azo a interpretações e aplicações duvidosas dos princípios e das leis vigentes. Mantinham, pois, presente que a origem da crise de Absentia tinha sido despertada precisamente por aquele tipo de problemas. Assim, numa grande e conhecida gruta (apelidada de “O Berço”) escreveram os princípios fundamentais que queriam para a Ilha, e que acabariam por inspirar poucos anos mais tarde a Constituição de Fide, com tinta de uma planta chamada aeternum, que se caracterizava por dar tinta que fica para a eternidade. Esses 5 princípios eram os seguintes: 1 – Todos os cidadãos de Fide são Livres, e a sua liberdade não pode ser posta em causa por terceiros; 2 – A dignidade da Vida Humana é inviolável, e ninguém está no direito de a pôr em causa; 3 – O respeito das Diferenças é imperativo, assim garantindo a Pluralidade; 4 – Os cidadãos estão incumbidos de trabalhar pela prosperidade da Ilha, respeitando a Terra e os seus frutos e tratando com respeito todo o meio ambiente; 5 – Deve-se privilegiar o diálogo na resolução de conflitos, assim preservando a Paz e procurando a Justiça.
Cada um destes princípios fora votado por unanimidade pelos primeiros habitantes. Na altura da chegada, eram 6 as Casas nobres; porém, apenas a Casa Paz, a Casa Solidarie, a Casa Alegre e a Casa Fide deixaram descendência. A linhagem da Casa d’Amargura e da Casa da Boa Aventurança terminou, já que estas Casas eram compostas por dois homens já velhos e viúvos, que procuravam pouco na vida a não ser viver o que lhes faltava em Liberdade.
Desde o dia em que os princípios da Ilha foram gravados n’O Berço, as Casas combinaram relembrá-los simbolicamente indo ao local duas vezes por ano, em honra de todos os cidadãos de Absentia que lutaram e ainda lutam pela liberdade.
Na primeira reunião n’O Berço, as Casas combinaram dividir a Ilha em quatro regiões: a região Norte, que ficou para a Casa Fide; a região Este, que ficou para a Casa Paz; a região Sul, que ficou para a Casa Solidarie; e a região Oeste, que ficou para a Casa Alegre. Os viúvos da Casa d’Amargura e da Casa da Boa Aventurança foram acolhidos no Norte e no Sul, respetivamente, onde viveram tranquilamente os últimos anos das suas vidas.
Mais tarde na história da Ilha, o Rei Amidão, da Casa Paz, não tinha herdeiro rapaz pelo que casou a sua fIlha mais velha com um dos filhos da Casa Boa Esperança, do Oeste, criando-se assim o que se chama habitualmente em Fide uma “sub-Casa”. Acontece entre outras situações quando uma filha de uma das Casas Reais casa dando-se uma fusão de apelidos. Essa poderosa sub-Casa é a Casa Boa Paz que, nos dias que correm, governa o Este.
Com a mistura de Casas nestes 500 anos desde a chegada dos primeiros habitantes, existem já inúmeras Casas e sub-Casas. Cada família presta vassalagem às Casas que reinam as suas regiões. Com o bom desenvolvimento demográfico da Ilha, esta conta já com cerca de 1,3 milhões de habitantes.